MOBILIDADE VERDE

Navegando no caminho para uma mobilidade sustentável

Move-te para o nosso futuro!

Desde o início dos tempos, os humanos precisam se deslocar por diversos motivos, como procurar comida, descobrir o mundo, transportar mercadorias, conhecer pessoas ou praticar exercício. A sociedade atual depende de percorrer distâncias maiores, mais rapidamente e com mais frequência, para onde e como as pessoas quiserem. Uma grande parte dos transportes funciona com combustíveis fósseis e depende da construção de longas infra-estruturas, que têm causado muitos problemas ambientais e de saúde, como emissões de gases efeito de estufa, poluição sonora, fragmentação de habitats ou mortes nas estradas.

A transição para uma mobilidade mais sustentável é mais urgente do que nunca e começou na União Europeia com objetivos ambiciosos e planos abrangentes delineados até 2030. Mas que tipo de transporte é mais sustentável? É possível viajar de forma económica, mas também com baixas emissões? Como posso chegar aos lugares diariamente de maneira confortável? Existem diferentes soluções e desafios em constante evolução ao redor do problema.

Esta publicação no blog dar-te-á algumas respostas, mas principalmente fazer-te-á pensar sobre o caminho a seguir para uma mobilidade mais verde.

 

História dos transportes

A evolução dos transportes abrange a história da humanidade, começando com a caminhada e o uso de animais e mais tarde com a invenção da roda por volta de 3.500 aC. Barcos e navios revolucionaram o transporte aquático, enquanto a revolução industrial introduziu comboios e automóveis movidos a vapor. O voo dos irmãos Wright em 1903 marcou o início da aviação, seguido pelo aumento das viagens em aviões comerciais.

Os transportes conectaram pessoas, culturas, cidades, países e continentes. Tem sido um dos principais pilares das sociedades e economias modernas, permitindo aos produtores vender os seus produtos em todo o mundo e aos viajantes descobrir novos lugares, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. A ligação aos transportes ajuda a impulsionar a economia em zonas remotas, criando empregos e difundindo riqueza.

O aumento dos transportes movidos a combustíveis fósseis tornou, por um lado, o mundo num lugar mais pequeno e as viagens mais acessíveis, mas, por outro lado, tem afetado a nossa saúde e o ambiente. Nas últimas décadas assistimos ao desenvolvimento de rotas e veículos elétricos e eficientes, prometendo um futuro mais sustentável.

 

Tipos de transportes e seus impactos

Como toda atividade humana, os transportes têm impactos no meio ambiente. Uma forma de avaliar esses impactos é calculando as emissões de gases efeito estufa (GEE) libertadas pelos transportes. Para simplificar, foi desenvolvida uma escala, os gramas de emissões equivalentes de CO2 (gCO2-e) (IPCC, 2022). Esta medida permite-nos compreender as emissões médias dos veículos tendo em conta todos os diferentes GEE emitidos e cada potencial de aquecimento global (PAG) de cada gás (IPCC, 2022).

Por exemplo, os aviões têm as emissões de GEE mais elevadas (160g CO2 por pkm), mas os automóveis também não muito melhores (143 g CO2 por pkm), provavelmente porque, em média, os automóveis são conduzidos com 1,6 passageiros a bordo, o que requer um maior número de viagens e carros utilizados para a mesma quantidade de pessoas (ver figura 1).

Figura 1: Gramas de emissões equivalentes de CO2 por meio de transporte motorizado de passageiros, entre 2014-2018, do EEE, 2021. pkm = passageiro-quilómetro; taxa implícita de ocupação de automóveis: 1,6

 

Talvez da próxima vez que pensares em pegar no carro para chegar a algum lado, podes considerar dar ou pedir boleia para tornar as tuas viagens mais eficientes e menos impactantes?

 

Embora as emissões de carbono dos autocarros tenham sido superiores às dos navios e barcos (ver figura 1), esta não é a única forma pela qual estes modos de transporte podem afetar o ambiente. Nesta secção poderás aprender mais sobre os diferentes efeitos dos principais meios de transporte na nossa saúde e nos ecossistemas.

Transportes rodoviários

No cenário movimentado das viagens europeias, a estrada é o “rei indiscutível”, com os automóveis a registarem uma impressionante percentagem de 79,7% dos passageiros-quilómetros em 2021 (Eurostat, 2023). Milhões de veículos atravessam a extensa rede rodoviária da Europa, transportando pessoas e mercadorias. Mas, apesar da crescente adoção de veículos eléctricos, a maioria ainda funciona a gasolina e diesel, expelindo poluentes atmosféricos e contribuindo para as alterações climáticas (EEA, 2023a).

Os transportes rodoviários suportam um pesado fardo ambiental, responsável por um quarto das emissões de gases com efeito de estufa da União Europeia (UE), com estrondosos 77% provenientes de veículos rodoviários em 2020. As estradas ecoam não apenas os motores, mas também o custo, frequentemente negligenciado, da poluição sonora, que afeta quem vive perto das principais vias de comunicação. À medida que o congestionamento aumenta e as redes rodoviárias se expandem, a biodiversidade sofre, com as áreas naturais a diminuir e a vida selvagem a perder rotas de migração vitais (EEA, 2023a).

 

Desafios do transporte rodoviário

Na UE, em 2022 testemunhou-se um aumento na adoção de veículos elétricos, em 2021 assistiuse a uma diminuição (em comparação com 2011) de 9,0% para 7,1% na utilização de transportes públicos como autocarros (EEA, 2023; Eurostat, 2023).

 

Algo para pensares:
Mudar de carros movidos a combustíveis fósseis para carros elétricos é a solução número um para uma mobilidade rodoviária mais verde? Sabe mais sobre o impacto dos carros elétricos nos links a seguir:

Transportes aéreos

Voar pelos céus, o transporte aéreo tornou-se a tábua de salvação das viagens europeias, com um número impressionante de 820 milhões de passageiros a voar na UE, marcando um aumento notável de 119,3% em 2021 (EASA, 2022). Embora o fascínio dos céus seja inegável, tem um custo ambiental. A contribuição anual do setor da aviação de 2,5% para as emissões globais de CO2 é apenas a ponta do iceberg. Juntamente com as emissões de carbono, liberta uma enxurrada de poluentes não-CO2, como óxidos de azoto, partículas, compostos orgânicos voláteis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono e hidrocarbonetos não queimados (EASA, 2022).

Além disso, o ruído dos motores faz com que as comunidades próximas dos aeroportos se debatam com a poluição sonora, causando stress, perturbações do sono e até efeitos adversos para a saúde, como doenças cardíacas. À medida que nos regalamos com a conveniência das viagens aéreas, é crucial voar com consciência, reconhecendo o impacto no nosso ambiente e nas comunidades abaixo.

 

Navegação marítima e fluvial

Navegando pelas expansivas “autoestradas azuis”, os transportes marítimos e fluviais emergem como os heróis anónimos do comércio europeu, responsáveis pelos impressionantes 77% do comércio externo e 35% do comércio inter-UE, em valor (EEA, 2023b). Estas artérias aquáticas são a força vital da cadeia de abastecimento internacional, impulsionando a economia europeia.

No entanto, sob as ondas, uma história de impacto ambiental se desenrola. Os navios, ao mesmo tempo que ligam as nações, são responsáveis ​​pela libertação de 13,5% de todas as emissões de gases com efeito de estufa provenientes dos transportes na UE e emitem poluentes atmosféricos como o dióxido de enxofre para a atmosfera, deixando uma marca indelével no clima e no bem-estar dos cidadãos da UE (AEA , 2023b). O eco do ruído subaquático dos motores e sonares e o espectro de espécies exóticas que viajam à boleia ao longo dos cursos de água acrescentam mais problemas à vida marinha.

À medida que navegamos para o futuro, é essencial traçar um rumo que equilibre o papel vital do comércio por via marítima com o compromisso de preservar os nossos oceanos e ecossistemas.

 

Transportes ferroviários

  • Transportes ferroviários

Embarcar nos caminhos-de-ferro na Europa não é apenas uma viagem, é uma revolução verde nos carris. Os comboios surgem como a forma mais ecológica de percorrer distâncias mais longas, gerando apenas 33gCO2 por passageiro-quilómetro, uma fração da pegada de carbono deixada pelos voos ou automóveis (EEA, 2018). A verdadeira magia verde reside na electrificação dos caminhos-de-ferro, com 60% da rede ferroviária europeia já a funcionar com electricidade (Observatório Europeu de Combustíveis Alternativos, sd).

No entanto, a fonte desta energia torna-se fundamental, os comboios são verdadeiramente sustentáveis ​​quando a eletricidade de que necessitam provém de energias renováveis, o que depende do país onde vives ou para onde viajas. O encanto ambiental dos comboios enfrenta um obstáculo no preço dos bilhetes, com um estudo recente revelando que, em média, os bilhetes de comboio são duas vezes mais caros do que os seus homólogos aéreos, desencorajando as famílias e os viajantes de fazerem a mudança do avião para o comboio (T&E, sd).

No entanto, as pistas acenam como um caminho para um futuro mais verde, com potencial para uma maior electrificação e uma consideração meticulosa das reduções de carbono.

 

Mobilidade ativa

No movimentado coração da Europa, está em curso uma revolução – uma mudança para a mobilidade ativa, que não é apenas boa para a nossa saúde, mas é a chave para desbloquear os objetivos de sustentabilidade a longo prazo do continente. Caminhar e andar de bicicleta, especialmente em viagens curtas pela cidade, surgem como super-heróis da mobilidade urbana, tecendo uma tapeçaria de benefícios tanto para os seres humanos como para o ambiente.

No entanto, esta transição verde não está isenta de desafios. A falta de regras para o estacionamento de veículos partilhados representa um enigma e, para aqueles que possuem veículos pessoais, o risco iminente de roubo acrescenta uma pitada de incerteza. A introdução de esquemas de partilha de veículos baseados em aplicações, anunciou conveniência, mas também suscitou debates sobre o seu impacto ambiental. Tomemos como exemplo a partilha de trotinetes elétricas – uma tendência que, não só atrai os utilizadores para longe das deslocações a pé ou dos transportes públicos como também levanta sobrancelhas devido aos seus custos ecológicos desconhecidos. Além da aparência ecológica, estão as preocupações com os materiais, a fabricação e os frequentes ciclos de recarga.

 

Algo para pensares:

Será ecológico usar uma trotinete elétrica para percorrer pequenas distâncias na cidade?

 

O plano da Europa para uma viagem mais ecológica

Ao embarcar numa jornada rumo a um amanhã sustentável, a estratégia da UE revela um roteiro com marcos cronológicos. Por exemplo, até 2030, as paisagens urbanas terão uma redução de 50% do número de automóveis movidos a combustível convencional e na logística urbana promoverão a utilização da mobilidade ativa (Eurostat, 2020).

À medida que o tempo passa até 2050, os céus serão mais verdes, com uma meta de utilização de 40% de combustíveis sustentáveis ​​com baixo teor de carbono na aviação. Navegando ao largo, os navios comprometem-se a reduzir as emissões de CO2 da UE provenientes dos combustíveis marítimos nuns impressionantes 40%. Os caminhos-de-ferro tornam-se o coração das viagens interurbanas, com um objetivo para a maioria dos passageiros, enquanto as viagens de mercadorias com mais de 300 km mudam de velocidade, deixando as estradas para trás numa transição de 50%. Não se trata apenas de ser ecologicamente correto; esta estratégia promete estradas mais seguras e com zero mortes até meados deste século (Eurostat, 2020).

 

 

A contagem regressiva começou – uma jornada onde a sustentabilidade encontra a velocidade e o planeta emerge como o vencedor final!

 

Vamos explorar mais!

A tua cidade ou vila está preparada para a mobilidade ativa? 🤔

Quais as estratégias do teu município para reduzir os impactos dos transportes públicos? 🤔

 

Como podemos avançar em direção à mudança?

Vimos até agora que existem muitas formas de nos deslocarmos e viajarmos, mas está nas nossas mãos escolher aquelas que mais nos convém. Para onde eu quero ir? Quais são as redes disponíveis na minha cidade ou país? Que transportes posso pagar? Eles são realmente ecológicos?

Todas essas são perguntas podem-te surgir ao planeares uma grande viagem ou uma pequena deslocação. Aqui damos algumas ideias para pensares.

 

 

 

Para distâncias curtas

👉 Opta por meios de mobilidade ativa, como andar de bicicleta ou caminhar, mesmo combinados com transportes públicos;
👉 Faz plogging regularmente, a última tendência que te permite cuidar do teu bem-estar através do exercício, bem como da saúde do Planeta ao recolher o lixo das ruas e reciclá-lo;

FPara distâncias médias

👉 Os autocarros e comboios são frequentemente a opção mais sustentável e económica, embora nem sempre estejam disponíveis em todo o lado;

👉 Considera partilhar o carro com colegas ou até mesmo desconhecidos do trabalho (talvez você faça novos amigos!);

Para longas distâncias

👉 Uma mudança do avião para o comboio é a melhor maneira de reduzir a pegada de uma viagem mais longa. Por exemplo, os interrails ao longo dos países europeus são uma boa forma de descobrir novos sítios que não são muito populares e de te aventurares com amigos ou sozinho de forma económica.

👉 Para uma viagem pelo teu país, considera alugar um carro elétrico.

 

Desenvolver habilidades e conhecimentos verdes

Ao longo deste post aprendeste como as diferentes opções de transporte podem afetar o meio ambiente e a saúde humana. Todas essas informações podem te ajudar em algumas tomadas de decisão, mas também podem te fazer pensar, qual a melhor solução nas minhas viagens diárias? Não existe uma resposta universal para esta pergunta, mas isso não deve impedir-te de tentar fazer escolhas melhores todos os dias para reduzir a tua pegada ecológica na viagem. Ao mesmo tempo podes desenvolver mais habilidades e aprender mais sobre, por exemplo:

  • Andar e manter uma bicicleta
  • Participar em movimentos locais de mobilidade sustentável
  • Promover passeios de bicicleta em espaços verdes e convívios
  • Aprender a organizar e planear viagens de forma sustentável e económica.

 

 

Faça este teste para ver o que sabe sobre a Mobilidade Verde!

Bibliografia:

 

Para saber mais sobre o meme utilizado na ficha informativa, clique aqui.