ALIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL

VAMOS ALIMENTAR UM NOVO FUTURO!

Nos últimos anos o conceito de sustentabilidade é um tema que tem sido alvo de diversas pesquisas e tem ocupado cada vez mais a consciência pública. No entanto, para os jovens este tema ainda é confuso e poucos sabem que está estritamente ligado à alimentação.

Mas o que realmente significa sustentabilidade alimentar?

Comer é uma parte essencial da vida e as pessoas sabem que os alimentos que comem são algo que pode afetar a sua saúde e o seu corpo, mas o que estão menos conscientes é no grande impacto que a produção e o consumo de alimentos têm em todo o planeta. Por isso é importante falar sobre alimentação sustentável; um alimento para ser sustentável deve:

  • fornecer uma boa nutrição para nós
  • fazer parte de um círculo produtivo que ajuda nas questões sociais, económicas e sobretudo ambientais

 

UMA CULTURA ALIMENTAR QUE AFETA O PLANETA

No poema mais antigo do mundo, a Epopéia de Gilgamesh, uma antiga odisséia mesopotâmica escrita em cuneiforme em tábuas de argila, o homem selvagem se diferencia dos animais no momento em que aprende a comer pão e a beber cerveja. A capacidade de transformar recursos naturais para criar algo comestível que não existe na natureza é um dos resultados evolutivos mais elevados e exclusivos do ser humano. Desde os tempos antigos, o acesso aos recursos alimentares inspirou a nossa criatividade, o nosso intelecto, criou conflitos e também nos levou à descoberta de terras novas e desconhecidas.

Pessoas em todo o mundo desenvolveram diferentes formas de obter e preparar alimentos e construíram uma identidade pessoal.

 

Noutras palavras, comida é CULTURA e faz parte da nossa IDENTIDADE!

 

A agora?

A população mundial está a crescer muito rapidamente e poderá atingir os 10 mil milhões em 2050! (Folha de Dados da População Mundial, 2020) Segundo as estatísticas oficiais já não conseguimos alimentar toda a população, que hoje é de 8 mil milhões (Nações Unidas, 2022).

Além disso, estima-se que no futuro 6 em cada 10 pessoas viverão num centro urbano. Isso significa que, com o despovoamento gradual das zonas rurais, um dia cada vez mais pessoas irão consumir alimentos produzidos por poucos. Hoje 3% da superfície terrestre é ocupada por cidades, mas estas consomem 80% dos alimentos produzidos. É por isso que enfrentamos uma produção massiva de alimentos e o impacto da agricultura tradicional não pode ser comparado com as tecnologias modernas. Hoje em dia, a indústria agrícola é uma das principais causas da degradação ambiental: desflorestação, poluição, emissões de gases com efeito de estufa (21-37%), consumo de água doce (70%), danos à biodiversidade causados ​​por pesticidas e fertilizantes. Aumentar tudo isso seria devastador para o meio ambiente.

 

SUSTENTABILIDADE E CIDADANIA ATIVA: O QUE PODEMOS FAZER?

Não há dúvida de que este sistema de produção já não é sustentável e os governos de todo o mundo devem apressar-se a repensar esta cultura alimentar e assim assegurar um abastecimento alimentar saudável e rico para todos que não afecte negativamente os nossos frágeis ecossistemas.

 

Mas qual é o nosso papel nisto tudo? Existe algo que cada um de nós poderia fazer?

 

 

A resposta é sim. Há muito a fazer e cada um de nós pode fazer a diferença para mudar os hábitos alimentares para hábitos mais sustentáveis!

 

👉 CMuda a tua dieta

Estudos recentes mostraram uma tendência das pessoas em escolher alimentos ricos em calorias, repletos de aditivos, conservantes, açúcares e gorduras saturadas. Não só comemos esses alimentos pouco saudáveis, como também comemos mais do que deveríamos, considerando que muitos de nós temos um estilo de vida sedentário. Cerca de 2 mil milhões de pessoas no mundo sofrem de obesidade e excesso de peso (Atlas Mundial da Obesidade, 2022). Além disso, estas doenças estão entre as principais causas de morte e incapacidade na Região Europeia. Estimativas recentes sugerem que causam mais de 1,2 milhões de mortes anualmente ( OMS, 2022). Tenta mudar a tua dieta, seguindo estas sugestões:

 

Try to change your diet using these suggestions:

  • come mais vegetais e frutas
  • escolhe alimentos sazonais, é mais provável que sejam saudáveis ​​​​e ricos em vitaminas e nutrientes
  • reduz o consumo de carne vermelha (bovina, suína, ovina, etc.), o metano produzido pela agricultura intensiva gera mais gases de efeito estufa do que o setor dos transportes e a produção de ração animal é responsável pela destruição de grandes florestas, colocando cada vez mais pressão sobre o planeta
  • evita comida de plástico
  • come alimentos frescos, pobres em conservantes e aditivos

 

👉 Reduzir o desperdício de alimentos

Um terço de toda a produção alimentar mundial é desperdiçada todos os anos. Segundo os dados oficiais da FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura) este desperdício acontece na venda a retalho ao nível do consumidor final, ou seja, nós.

 

Desperdício de comida dos países desenvolvidos é igual à comida produzida na África Subsariana (222 milhões de toneladas)

 

Podemos mudar os nossos hábitos tentando:

  • não comprar mais do que podemos comer (vamos começar a planear as nossas refeições durante a semana)
  • não deitar fora alimentos que ainda são comestíveis. Muitas pessoas seguem demasiado rigorosamente o rótulo "consumir de preferência antes de" e deitam fora alimentos que ainda são comestíveis. Este rótulo não tem um significado obrigatório, por isso, se a data de "consumir de preferência antes de" tiver passado num produto, use os seus cinco sentidos para se certificar de que se estragou antes de o deitar fora
  • utilizar todas as partes do produto (sobras de vegetais e carnes podem ser aproveitadas de diversas maneiras, por exemplo, para caldos, para dar sabor à água, etc.)

 

A importância da redução de resíduos também é sublinhada pela União Europeia, que incluiu a produção e o consumo responsáveis ​​entre os seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos em 2015 (Objetivo 12). Visa alcançar a gestão sustentável e a utilização eficiente dos recursos naturais, reduzindo para metade o desperdício alimentar global per capita a nível do retalho e do consumidor, bem como as perdas alimentares ao longo das cadeias de produção e abastecimento (ver mais em  https://www.globalgoals.org/goals/12-responsible-consumption-and-production/ ).

 

👉 Está ciente de suas escolhas

Quando as pessoas fazem compras, geralmente não prestam atenção na escolha dos produtos. Apenas compramos o que queremos comer, sem saber a origem do alimento ou a época do ano. Esta ingenuidade involuntária pode levar a diversas consequências que não são boas nem para nós nem para o ambiente.

Na verdade, hoje em dia os alimentos são transportados por distâncias maiores, através dos continentes. Essa distância, do produtor ao consumidor, é chamada de quilómetro alimentar. A escolha de produtos que vêm de longe é outro fator que influencia a insustentabilidade do nosso sistema produtivo. O transporte de alimentos de um lado para outro do planeta causa uma enorme quantidade de poluição e emissões de gases, afetando negativamente os ecossistemas. Por exemplo, sabes de onde vêm as bananas?

 

 

Dê uma olhada neste vídeo: A jornada das bananas: da terra à tua mão -

Além disso, estes produtos são colhidos numa fase inicial da sua maturação e mantidos num grande frigorífico durante o transporte. Esse processo faz com que vegetais e frutas percam os seus nutrientes. O mesmo acontece quando escolhemos produtos não sazonais, que são cultivados em estufas e assim perdem o seu verdadeiro sabor e a sua nutrição. De acordo com um inquérito da FAO, mais de 2 mil milhões de pessoas carecem de vitaminas e sais minerais, como ferro, zinco, iodo, etc.

Contribui e tenta:

  • Comprar produtos orgânicos que respeitam a natureza e os ecossistemas, limitando o uso de fertilizantes ou antibióticos
  • Compra produtos locais que vêm de áreas geográficas limitadas ao seu redor e são produzidos de acordo com práticas agrícolas e sociais. Isto garante a qualidade e a boa nutrição dos alimentos!

 

 

 

REDEFINIR O SISTEMA ALIMENTAR: O QUE A COMUNIDADE EUROPEIA ESTÁ A FAZER?

Garantir alimentos saudáveis ​​e de boa qualidade, cuja produção não destrua o nosso ambiente, é um desafio ambicioso que obviamente não podemos realizar sozinhos. Precisamos do apoio dos governos de todo o mundo.

A Comunidade Europeia tem um papel de liderança neste contexto, assinando em 2020 um conjunto de iniciativas políticas denominadas “Acordo Verde da UE”, que visam tornar a UE neutra em termos climáticos até 2050. A estratégia global também se centra na sustentabilidade alimentar; ir para projetos de investigação e inovação alimentar, bioeconomia, agricultura, pecuária e indústria pesqueira, com um olhar atento nos sistemas alimentares urbanos (agricultura urbana, prevenção e redução do desperdício alimentar, etc.). Por exemplo, no âmbito do projeto “Nature Urbaine” Paris está a construir a maior quinta urbana do mundo, com 14.000 hectares quadrados para o cultivo de frutas e vegetais e uma vista esplêndida da Torre Eiffel!

 

Uma das principais iniciativas da Comissão Europeia é a “Estratégia do Prado ao Prato”, que visa tornar a produção alimentar amiga do ambiente e, ao mesmo tempo, garantir produtos saudáveis ​​e de elevada qualidade. Para tal, será essencial envolver as autoridades locais e as comunidades rurais e costeiras.

Outros projetos deverão ser implementados, como o “FoodSHIFT 2030” (Horizon, 2020), que, utilizando 7,5 milhões, tenta aumentar as inovações alimentares tecnológicas e sociais em nove cidades selecionadas em toda a Europa. O projeto promove uma dieta baseada em vegetais, visa reduzir as emissões de gases e fortalecer os sistemas de produção locais para aumentar a capacidade das comunidades com efeito de estufa para responder às atuais crises ambientais e alimentares. Se quiseres saber mais sobre o assunto, consulta o site do projeto em https://foodshift2030.eu/ .

 

Faça este teste para ver o que sabe sobre Alimentação Sustentável!